Nas nossas barbas
No blogue Jamais, as querelas internas (entre “inimigos figadais”, como assume José Pacheco Pereira), e sub-internas (com o PS, na figura do blogue Simplex), pelo poder continuam.
A lógica de ataques/preferências pessoais em detrimento de argumentação ou razões teóricas tocou o seu máximo expoente neste texto em que um comentador do Jamais “comenta” um texto do Simplex não com contra-argumentos, mas sim com aquele que será talvez o maior golpe sujo a que se pode recorrer na política: denegrir a família (não a família política, a família real) de quem escreve, para depois inseri-lo no saco dessa raça desprezível que por nascimento não merece sequer debate.
O que é mais preocupante aqui nem é tanto que PS e PSD estejam com isto a esfregar nas nossas barbas que a luta que encetam pelo poder é para o poder, e que nessa luta não se valem de argumentos porque isso significaria que estamos a falar de uma luta política ou teórica, mas não estamos. O que se passa nos blogues dos partidos da chamada força política central é em grande parte uma recriação daquilo que acontece quotidianamente na AR: 90% discurso de guerrilha e insultos pessoais e muito poucas energias gastas na discussão de problemas exteriores, isto é, Portugal. E pelo tom que a coisa toma, tanto na AR como nos blogues, seríamos levados a crer que os nossos políticos se orgulham dessa fibra guerrilheira, como se as suas pequenas querelas interessassem aos cidadãos, fartos do autismo bélico dos seus políticos.
Mas o que mais preocupa é que golpes como aquele que está em causa sejam usados com tal leviandade, e que o debate político tenha chegado a este ponto em que a redução da política aos pessoalismos se tenha tornado recorrente e inócua (o que se confirma por muitas das reacções pós-post). Chegámos a um ponto em que o discurso acéfalo e amoral é sem dificuldade caracterizado de “político”.
Portugal pode ter muitos problemas estruturais politicamente falando, derivados da ditadura, da revolução, da Constituição, da própria matriz do sistema, mas o maior problema da política portuguesa deve-se à sua falta de cultura Ética.