Espuma dos dias
José Sócrates ganhou claramente o debate a Francisco Louçã. Estava longe de imaginar que isto pudesse vir a acontecer, especialmente porque já esperava um debate centrado no tema da economia, área de eleição e especialização de Louçã. A irritação que fez Sócrates sair mal na fotografia em querelas parlamentares com Louçã no passado não se fez mostrar. Pelo contrário, um José Sócrates calmo desconcertou Louçã, algo nervoso. O segundo trunfo de Sócrates foi limitar-se a desmontar os preconceitos ideológicos patentes no programa do BE, que Louçã teve o displante de desmentir. À questão das nacionalizações Sócrates perguntou de forma muito clara, e que serve para todos quantos intelectualmente retrógados e apologistas do colectivismo: "No dia seguinte a nacionalizarmos a banca, os seguros, a energia, estaríamos melhor?". Pois não, não estaríamos. A prová-lo estão todas as experiências do comunismo real, exemplos gritantes do crasso erro de ter uma economia centralizada, planificada e totalmente dirigida pelo estado. Como Sócrates apontou, as nacionalizações levaram sempre à total miséria.
Já ontem Paulo Portas tinha feito o mesmo em relação a Jerónimo. O problema de Jerónimo e de Louçã são os exacerbados preconceitos ideológicos. Ambos preferem que o sistema de saúde seja inteiramente público, esquecendo-se da atrocidade que são as eternas listas de espera para cirurgias tão simples como a remoção de cataratas. Como muito bem colocou Portas, "Em nome de que ideologia deve um doente ficar à espera de uma consulta?"
Entretanto, quanto à visita de Ferreira Leite à Madeira, subscrevo na íntegra o Carlos Abreu Amorim: "Não é possível andar a representar convictamente o ‘Portugal de Verdade’, tentar ser a encarnação da democracia transparente, espalhar reclames em toda a parte acerca do respeito pelas pessoas, jurar que, ao contrário dos adversários, nunca irão asfixiar democraticamente ninguém e, acto contínuo, branquear aquela espécie de Chávez insular. Porque são precisos uns votitos. Porque, para ganhar, o PSD de Manuela Ferreira Leite é capaz de tudo. Como qualquer outro partido ou político profissional."
Hoje viu-se também, na SIC, uma peça jornalística que mostrou a faceta mais pessoal de Paulo Portas, um homem descontraído e à vontade em frente das câmaras, como é seu apanágio. E na sua visita ao mercado mensal de Évora, foi certeiro como sempre, criticando os caciquismos e o país onde o estado é o maior empregador, especialmente por intermédio das câmaras municipais, onde muitos têm medo de perder o seu emprego.
Aproveito ainda para, em relação ao post da Cristina, afirmar apenas que o único partido merecedor do meu voto, tal como o foi nas europeias, é o CDS, pelo que respondo "sim" ao mesmo apelo, subscrevendo ainda o André Azevedo Alves:
Concordo que o melhor do CDS está quase todo no Rua Direita (falta por exemplo o Michael Seufert, insurgente, líder da Juventude Popular e número 4 na lista pelo Porto) mas o ponto fraco do partido é o pior do CDS que, apesar de não estar no Rua Direita, continua a ter um peso decisivo na direcção nacional do partido e na respectiva agenda.
Quando o melhor do CDS determinar o rumo do partido talvez o partido possa ter o fio condutor que faz falta à direita em Portugal. Até lá, ficam os contributos de um excelente blogue que está bastantes furos acima da direcção do partido que apoia.
(também publicado no Estado Sentido)