-José Sócrates recebeu mais um apoio de peso, após a menina Carolina Patrocínio, a tal que apenas come fruta quando a empregada lhe retira as grainhas ou caroços, foi a vez de Luís Figo. Julgo que todos os portugueses, mais ou menos familiarizados com o futebol, reconhecem e sentem apreço, pelo inegável talento e classe que o antigo capitão da selecção nacional espalhou pelos relvados dos quatro cantos do mundo. A ideia é óbvia, associar o PS a pessoas que alcançaram o sucesso em diversas áreas, projectando uma imagem de ambição e vontade de triunfar. Mas existe um pequeno problema, o carácter, e tal como a menina que não se importa de fazer batota para ganhar, vale a pena recordar alguns factos menos conhecidos do percurso futebolístico de Luís Figo. Ainda júnior, assinou contrato em simultâneo com o Sporting C.P. e S.L.Benfica, valeu-lhe um acordo entre Sousa Cintra e Manuel Damásio, para o salvar de pesado castigo, que o poderia ter deixado algum tempo de castigo, até poderíamos considerar o infeliz episódio como devaneio próprio da juventude, mas passado pouco tempo repetiu a façanha, assinando por Juventus e Parma, dois clubes italianos na mesma época, mais uma vez salvou a face, com a contrapartida de não jogar no calcio durante uma década. Rumou a Barcelona, onde foi treinado por Johan Cruyff, sir Bobby Robson e Louis Van Gaal, que contribuíram para o aperfeiçoamento das suas inegáveis qualidades, alcançando vários títulos, recebendo até a braçadeira de capitão da equipa blaugrana. Sem que alguém lhe pedisse, chegou até a assumir posições próximas do nacionalismo, em defesa da autonomia, entrando no coração dos catalães, que trairia pouco depois com a transferência para o arqui-rival Real Madrid, aproveitando um momento de crise directiva no F.C.Barcelona. Após o Euro 2004 decidiu colocar um ponto final na selecção nacional, mas no final de 2005, quando não jogava em Madrid, recuou na decisão, solicitando a Scolari que o voltasse a convocar, até porque a selecção apesar da sua ausência já se tinha qualificado para o Mundial 2006, palco para se poder mostrar e conseguir uma transferência, finalmente a Itália. Alguém pode mesmo ficar surpreendido com o apoio de Luís Figo a José Sócrates? Misery loves company!