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Novo Rumo

Novo Rumo

08
Set09

A fé move economias

Elisabete Joaquim

 

To act and produce, businessmen require knowledge, the possibility of rational calculation, not "faith" and "hope" - above all, not "faith" and "hope" concerning the umpredictable twistings within a bureaucrat's head.

 

Nathaniel Branden, in «Common Fallacies About Capitalism».

08
Set09

era uma vez uma arriba

Elisabete Joaquim

Apesar do Ministro do Ambiente afirmar

 

isto: «Por mais intervenção que haja há sempre um risco potencial, porque um terço da costa portuguesa é arriba, mas não há nenhuma zona concessionada em situação de risco»,

 

isto: «Fora das zonas balneares há áreas assinaladas como de risco e as pessoas devem ser responsáveis»,

 

e isto: «margem de imprevisibilidade na natureza»,

 

conclui isto: 17 arribas vão ser demolidas


07
Set09

Descubra a premissa escondida

Elisabete Joaquim

Francisco Louçã disse ontem no debate com Manuela Ferreira Leite que os serviços privados de saúde, por serem privados, são de má qualidade.

 

_

 

 

*A isto Manuela Ferreira Leite optou por responder com factos, afirmando que muitas pessoas preferem serviços privados na saúde, e com contra-factos, dizendo que pessoas concordam em que em certas áreas o serviço nacional de saúde é mau, tem filas de espera, etc.

 

Louçã não foi e não é sensível a argumentos que subentendem que há racionalidade por detrás das escolhas e acções das pessoas. Manuela Ferreira Leite deveria ter directamente perguntado a Louçã o que torna um serviço privado intrinsecamente mau. A resposta de Louçã seria igualmente válida para explicar com que fundamento defende nacionalizações. Porque não a fez Manuela Ferreira Leite? É impossível que não tenha dado pela premissa escondida.

06
Set09

Que a Esperança esteja contigo!

Elisabete Joaquim

Para quem não seguiu hoje a Convenção Nacional do Partido Socialista, aqui fica a sinopse:

(Sócrates combatendo o monstro do retrocesso, usando tecnologia moderna e inovadora para o efeito)
Director: José Sócrates
Writer: Igreja Nacional do Reino de Sócrates

Genre: Fantasia, Drama, Comédia

Tagline: Avançar Portugal!

Plot: The Dark Side, também conhecido por PSD, ameaça envolver Portugal na triste penumbra de uma Era pré-Magalhães, levando o país numa «via verde para o retrocesso». Sócrates, o Salvador Vindo do Futuro, é o único com o poder da Esperança que pode fazer Avançar Portugal.

Fun Stuff

Trivia:
Era o dia de anos de Sócrates e todos cantaram os parabéns.
Goofs:
Em voz-off, Almeida Santos referiu-se ao Magalhães como «as modernidades inventadas aqui pelo primeiro-ministro».
Quotes:

Jaime Gama: «O PS tem a consciência de ter feito o país Avançar. Avançar sobre o presente e Avançar sobre o Futuro».

 

Teixeira dos Santos: «O PSD quer matar a esperança!».

 

Luís Amado: «O PS nunca teve medo do mundo, o PS reabriu o país ao mundo com o coração que bate e que transforma o Universo».

05
Set09

A estética dos anjos

Elisabete Joaquim

Pedro Mexia pretende aqui pintar o libertarianismo como uma corrente estético-antropológica (optimismo), pela qual se pode ou não ter simpatia, mas que não pode ser levada a sério, e isso por motivos estético-antropológicos (pessimismo).

 

Saltando o problema da ausência de argumentação e do facto da adesão a ideias por sentimentos e simpatias, por visões do mundo optimistas ou pessimistas, serem em rigor equivalentes para o observador que não vê a política como uma subcategoria da Estética, há sobretudo no texto de Mexia o problema da ignorância acerca do que é o libertarianismo.

 

O libertarianismo é uma ideologia, e não um sistema político. Libertarianismo não “é” anarquia, como Mexia parece pensar, mas sim uma filosofia política da qual decorre na prática a necessidade de uma constante atenção e crítica ao poder, e isso, novamente contra a intuição de Mexia, precisamente porque os homens não são anjos. Daí a necessidade de controlo interno dos governos: if angels were to govern men, neither external nor internal controls on government would be necessary. Traduzido numa sistema político, o libertarianismo é compatível com um governo de funções minimalistas, uma minarquia, não advogando necessariamente a anarquia, desde que o Estado cumpra estritamente as suas funções e «deixe as pessoas em paz».

 

«Regras, códigos, restrições, procedimentos» não são apanágio exclusivo do «pessimista», daquele que está vergado pelo peso da realidade, qual anjo olhando com empatia para Sísifo, e olhando com condescendência o pateta alegre libertário incapaz de ver o cume da montanha. O libertário encara pelo contrário as «regras, códigos, restrições, procedimentos» como atributos inegáveis da realidade política e social humana, solidificando-os sem pudor no conceito de Lei e de Direito. O que o libertário não admite é a arbitrariedade dessas regras sociais politicamente estabelecidas, e muito menos umas regras contingentes que sejam na prática incompatíveis com regras e leis que este considera fundamentais.

 

Não querendo levar o texto de Pedro Mexia demasiado a sério, dado que é patente que é a estética e não a argumentação que comanda o ímpeto da escrita, uma coisa séria imana do mesmo: o «pessimismo» é deduzido a partir da premissa da necessidade de existência do Estado como se no contrato que se faz com esse prestador de serviço estivesse uma cláusula de cedência total dos poderes e deveres dos cidadãos na gestão das suas vidas privadas, e como se fosse impossível (fatalidade!) ter Estado e ter liberdade privada simultaneamente. Claro que comprometer-se com a atitude libertária de constante crítica ao poder político dá trabalho, e claro que ficar confortável na sua nuvem fatalista enquanto se vai observando resignado o teatro das vidas humanas como se dele não se fizesse parte é menos cansativo (e sempre se converte em material estético). «Mas fácil é a vida dos anjos.»

 

04
Set09

O cavalo branco do jornalismo

Elisabete Joaquim

O Sindicato dos Jornalistas manifestou-se sobre aquilo que chama «a ingerência inaceitável da Administração da TVI» no caso do cancelamento do Jornal Nacional.

 

Na base da «indignação e repulsa» do Sindicato está o facto de não se aceitar que o poder económico tenha controlo directo sobre os conteúdos informativos, o que deveria ficar reservado ao Director de Informação. A Administração tem apenas um poder indirecto sobre a gestão dos conteúdos do seu canal, podendo apenas escolher que Direcção admitir ou demitir.

 

Estamos perante um repúdio da noção de que o jornalismo é um negócio como qualquer outro, e perante a premissa subentendida de que, pelo seu carácter  de pureza e neutralidade, o jornalismo não poder ser gerido por critérios de gestão económica sob pena de perder a sua aura de serviço imune às contingências humanas. Dito de outra maneira, a essência do jornalismo – o serviço público – merece um tratamento peculiar, daquele tipo de tratamento que em rigor pode apenas ser feito por uma Administração pública sem interesses económicos, o que explica a urgência com que o Sindicato exige uma intervenção da ERC (abstenho-me de comentar a irrazoabilidade de tal invasão da liberdade privada, o que o Carlos Novais já fez neste post), essa entidade que traduz a noção de que canais privados são admissíveis desde que respeitem a gestão que seria feita por uma administração pública, o que contraria a própria natureza da gestão privada, não necessariamente orientada para o «bem geral», mas sim para um mercado específico da procura.

 

Problemas esses que seriam evitáveis se neste país se assumisse que o jornalismo não é a santa virgem de olhar neutro e balança na mão. O jornalismo orienta-se naturalmente para um segmento de consumidores com propriedades específicas, as quais vão desde a simpatia por um certo tipo de opinião, a preferência por um certo estilo jornalístico, e a identificação com a predominância de um certo tipo de temas sob investigação. E nesta lógica de jornalismo livre, e subsequentemente necessariamente humano e direccionado, não faz sentido repudiar uma gestão orientada do mesmo. A TVI é um canal privado e deveria poder orientar livre e directamente os conteúdos que emite.

 

03
Set09

uma questão de estilo

Elisabete Joaquim

O debate entre Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa não foi um debate. O tipo de disputa do eleitorado que BE e PCP travam não se faz no campo das ideias mas sim no campo da imagética. A postura e tranquilidade dos dois líderes demonstrou a segurança com que sabem que o que os distingue está no estilo do eleitorado, estilisticamente moderno ou conservador, respectivamente. E sobre isso não há debate que valha, é tudo uma questão de imagem.

 

24
Ago09

O que não é exercitado atrofia

Elisabete Joaquim

No caso da derrocada numa praia algarvia, o discurso dos media, dos políticos, e das pessoas comuns, parece de acordo numa coisa: o que aconteceu foi uma fatalidade previsível, o resultado de uma combinação de causas que podiam e deviam ter sido neutralizadas. Provavelmente uma combinação que comporta o facto de haver construções perto do local, de ter havido um sismo há poucos dias, de ter havido maré cheia, chuva, etc. Se é certo que ninguém consegue, apesar dos esforços, apontar o dedo exclusivamente a uma causa, parece consensual que a causa complexa, tão complexa que permanece indeterminada, devia ter sido antecipada e controlada por alguém.

 

Apesar do sinal a enfatizar o perigo (que pelos vistos era expectável), uma família achou seguro deitar-se por baixo da arriba. Apesar desta evidência confirmada pelo acidente, outra família foi filmada no dia seguinte a fazer praia por baixo de uma arriba semelhante. Em resposta a se tinha medo de uma derrocada, a mulher entrevistada respondeu com ar temerário e de respeito pela natureza: “Claro que tenho medo! Ai sim, sim.”, acrescentando depois, com o ar fatalista de quem não foge à superstição: “Mas as coisas não acontecem todas ao mesmo tempo, no mesmo dia ou no mesmo ano”.

 

Centrar o debate no apurar da causa da queda da arriba, e indirectamente na responsabilidade de uma autoridade pela morte de pessoas, é uma espécie de tentativa de aplicação do Princípio da Precaução gone mad, que deveria originalmente servir como guia de não-acção (levando pessoas a não se expor a situações de perigo potencial), reformulando-o de modo a aniquilar fisicamente as oportunidades de perigo, o que só uma super-entidade gestora do espaço público pode fazer, aniquilando assim a própria  necessidade do Princípio de Precaução.

 

Para além do facto de que este tipo de raciocínio é fisicamente impossível de pôr em prática (seria necessário rebentar com todos os potenciais perigos nas praias, montanhas, florestas, etc), esta reformulação permite que não se responsabilize quem fez maus juízos, expondo-se a situações de perigo, mas sim o organismo que permitiu que as pessoas se confrontassem fisicamente com situações em que a avaliação de perigo é necessária. Trocado por miúdos, é a cedência de um dos mais primitivos raciocínios de sobrevivência a um organismo colectivo abstracto – o Estado.

 

Dizer que o Estado é incompetente por ter falhado em proteger fisicamente as pessoas das suas más decisões é retirar ao indivíduo a responsabilidade de zelar pela gestão da sua própria vida. É o mesmo tipo de raciocínio que acha necessário actuar fisicamente na quantidade de sal disponível aos consumidores de pão, retirando-lhes pelo meio a própria possibilidade do exercício de decisão em vista à gestão da sua segurança/saúde/qualidade de vida. E o que não é exercitado atrofia.

 

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